quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Entenda e previna seu rebanho

A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa provocada por vírus. Existem sete tipos diferentes do vírus [sorotipos imunológicos]: A, O, C, SAT1, SAT2, SAT3, Asia1. O tipo O é o mais comum. A doença atinge animais de cascos bipartido, principalmente bovinos, ovinos, suínos e caprinos; em todas as idades, independente de sexo, raça ou clima. Cavalos não são afetados.
A imunidade contra um deles não protege contra os outros. Além disso, constataram-se alguns subtipos dos vírus citados, com a particularidade de que uns causam ataques mais graves que outros e alguns se propagam mais facilmente. Esta complexidade, apresenta um aspecto muito desfavorável, pois um animal atacado por um tipo de vírus, embora ofereça resistência ao mesmo, é ainda suscetível aos outros tipos e subtipos.
Resistência
O vírus é resistente ao congelamento e só fica inativo em temperaturas superiores a 50° C. Sobrevive nos gânglios linfáticos dos animais e na medula óssea, onde há pH neutro [nível de acidez], mas morre nos músculos onde o pH é inferior a 6. Pode sobreviver em forragens contaminadas e no meio ambiente por até um mês se houver condições favoráveis de temperatura e pH.
Permanência do vírus
Carne e produtos derivados com pH acima de 6 também conservam o vírus. Bovinos vacinados expostos à doença ou infectados e não abatidos conservam o vírus por 30 meses ou mais (búfalos); nos ovinos o período de conservação é de nove meses. O período de incubação em animais vivos e não vacinados é de dois a 14 dias, após os quais começam a aparecer sintomas como vesículas e aftas nas mucosas e língua, feridas no úbere e nos cascos.
Prejuízos
A aftosa é uma das enfermidades animais mais contagiosas e justamente por isso causa perdas econômicas significativas. A mortalidade é baixa em animais adultos, mas nos jovens a doença provoca problemas cardíacos [miocardites] que levam à morte. 
Contágio
A transmissão se dá por contato direto com animais infectados, contato com secreções, vetores moveis (homens, animais domésticos) que tenham estado em contato com animais contaminados e veículos e equipamentos nas mesmas condições. Em casos raros o vírus pode ser transportado por ar. Os animais contaminados podem transmitir a doença durante o período de incubação e manifestação da aftosa. O ar expirado, saliva, fezes, urinam leite e sêmen de animais doentes provocam contaminação até quatro dias antes do aparecimento dos primeiros sintomas clínicos.
Sintomas
Nos primeiros dias antes da manifestação das feridas os animais apresentam falta de apetite, calafrios, febre e redução da produtividade de leite. O vírus ataca a boca, língua, estômago, intestinos, pele em torno das unhas e na coroa. No inicio, febre com papulas que se transformam em pústulas, em vesículas, que se rompem e dão aftas na língua, lábios, gengivas e entre os cascos. O animal baba muito e tem dificuldade de se alimentar, e de locomover devido às lesões entre os cascos. Nos dois primeiros dias a infecção progride pelo sangue produzindo febre; depois aparecem as vesículas na boca e no pé e nas tetas. As vesículas se rompem e libertam um líquido transparente ou turvo; o animal mastiga produzindo ruído caracterizado, ao abrir a boca, chamado “beijo da aftosa”. Nos ovinos e caprinos, as lesões das patas são características, enquanto que as da boca podem ser pequenas e passarem desapercebidas. 
Recuperação
A recuperação começa a ocorrer entre oito a 15 dias após a manifestação dos sintomas. Em casos mais graves os animais sofrem com a superinfecção das lesões, deformação de músculo cardíaco, aborto e morte de animais jovens. Nos ovinos e caprinos as lesões são menos pronunciadas, podendo passar desapercebidas e a mortalidade é alta entre animais jovens. Os porcos podem desenvolver graves lesões nos pés.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito clinicamente, após a observação das feridas, e a confirmação se dá após análise laboratorial de tecido coletado na mucosa [de dentro da boca] de animais afetados.
Prevenção
- Proteção de zonas livres mediante controle e vigilância dos deslocamentos de animais nas fronteiras;
- Sacrifício de animais infectados, recuperados e de animais suscetíveis que entraram em contato com indivíduos doentes
- Desinfecção dos locais e de todo material infectado (artefatos, veículos, roupas)
- Destruição dos cadáveres e produtos animais suscetíveis na zona infectada
-Medidas de quarentena
- Vacina com vírus inativo (a imunidade é conferida seis meses após as primeiras vacinações)
Vacinação
 A vacinação é obrigatória. O processo recomendado l é a vacinação periódica dos rebanhos, assim como a vacinação de todos os bovinos antes de qualquer viagem. Em geral a vacina contra a febre aftosa é aplicada, de seis em seis meses, a partir do 3º mês de idade.
Cuidados com a vacina
Antes da aplicação devem ser obedecidas as recomendações do fabricante e alguns cuidados devem ser rigorosamente observados, tais como:
- Conservação Adequada das Vacinas;
- As vacinas devem ser conservadas na temperatura entre 2 e 6 graus centígrados, em geladeiras domésticas ou em caixas térmicas com gelo;
- É muito importante a conservação, pois tanto o congelamento quanto o calor inutilizam a eficiência da vacina;
- O transporte das vacinas do revendedor até a propriedade deve ser sempre feito em caixas térmicas com gelo;
- A dose a ser aplicada em cada animal deve ser aquela indicada no rótulo da vacina. Uma dosagem menor do que a indicada pelo fabricante não vai oferecer aos animais a proteção desejada;
- Não devem ser utilizadas agulhas muito grossas, pois a vacina pode escorrer pelo orifício deixado no couro do animal pela agulha e em conseqüência, diminuir a quantidade de vacina aplicada;
- A vacina deve ser aplicada embaixo da pele;
- Os animais sadios deverão ser sempre vacinados, pois os doentes ou mal-alimentados, não respondem bem à vacinação e, nesses casos, é conveniente procurar orientação com o Médico Veterinário.
- Os efeitos da vacina somente aparecem depois de 14 a 21 dias de sua aplicação. Se os animais apresentarem a doença antes desse prazo, é sinal que já estavam com a doença quando foram vacinados, mas ainda não tinham manifestado seus sintomas.
Tratamento
Em casos especiais pode ser empregado o soro de animais hiper-imunizados. São úteis as seguintes medidas coadjuvantes:
- Desinfecção dos alojamentos com soda cáustica a 4% no leite de cal de caiação;
- Fervura ou pasteurização do leite destinado à alimentação animal ou humana;
- Uso de pedilúvios na entrada dos currais e estábulos;
- Alojamentos limpos e ventilados;
- Fornecimento aos animais de alimentos de fácil mastigação;
- Lavagem da boca com soluções adstringentes e anti-sépticas;
- Tratamento das feridas dos cascos e das tetas;
- Administração de tônicos cardíacos, em certos casos de muita fraqueza.
Risco para o homem
A aftosa não representa risco para a saúde humana. A doença não é transmitida pelo consumo de carne, leite e derivados de animais infectados.  Alguns casos raros de feridas nas mãos e outros sintomas forma relatados em seres humanos que lidavam de forma muito próxima com animais infectados.

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