segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Prognóstico climático para janeiro, fevereiro e março de 2017


Por Jossana Cera
Muito tem se falado sobre a La Niña... Mas afinal, estamos mesmo sob a La Niña ou não? Quais as previsões para janeiro e fevereiro?
Cientificamente falando, para haver a caracterização da La Niña é necessário que os meses de dezembro e janeiro continuem com a temperatura igual ou abaixo de -0,5 °C, assim teríamos cinco trimestres com temperatura média igual ou abaixo de -0,5 °C, que é a metodologia que a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) segue para a caraterização da La Niña. Se isso acontecer, teremos a La Niña configurada, de fraca intensidade e curta duração. Mas mesmo ela não se configurando, é importante salientar que desde julho nós estamos com o Oceano Pacífico Equatorial mais frio que o normal e isto tem causado efeitos no Rio Grande do Sul, com: temperaturas mais baixas, principalmente durante a noite e manhã; e redução (frequência ou quantidade) nas chuvas em alguns pontos do Estado.
No mapa (figura 1) aparecem as anomalias de TSM (Temperatura da Superfície do Mar) durante o mês de novembro, na qual as áreas em azul indicam temperatura abaixo da média, e em alaranjado temperatura, acima da média. A área destacada pelo retângulo em preto mostra a região do Niño 3.4 em que a NOAA calcula se a temperatura ficará acima de 0,5 °C ou abaixo de -0,5 °C.
Conforme o IRI (International Research Institute for Climate and Society, da Universidade de Culumbia), a previsão atualizada na metade de dezembro indica a probabilidade de 30% para La Niña e 70% para neutralidade durante o trimestre Dez-Jan-Fev.
Quanto à precipitação durante os meses de verão, ela ocorrerá de forma irregular, normal para esta época do ano. A previsão de precipitação elaborada pelo INMET e CPPMet-UFPel indica chuvas dentro do padrão climatológico em janeiro, com leve declínio na região da Fronteira Oeste (figura 2B). Já para fevereiro, segundo este modelo de previsão, uma condição de tempo mais seco deve voltar ao Estado, sendo que na região arrozeira a previsão é de redução de 50 a 100 mm de chuva (figura 2D). No mês de março a previsão indica chuvas pouco abaixo da média (figura 2F), já que a tendência é que as chuvas voltem a ocorrer com mais frequência nessa época do ano. As temperaturas mínimas têm ficado um pouco abaixo do padrão climatológico. Para os próximos meses, as mínimas devem ficar mais altas, ou seja, dentro da normalidade, porém não se descartam eventos com temperaturas mais baixas, principalmente durante fevereiro.
 Lembrando que, em se configurando a La Niña ou continuando o período de Neutralidade, as perspectivas são boas para as lavouras de arroz no Rio Grande do Sul, devido à maior disponibilidade de radiação solar durante o desenvolvimento da cultura, principalmente durante o período de floração (janeiro e fevereiro).
*Jossana Cera é meteorologista, doutora em Engenharia Agrícola pela UFSM e consultora do Irga

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